Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 915-1 | ||||
Resumo:Staphylococcus meticilina resistentes (MRS) tem sido alvo de discussões no âmbito da medicina e medicina veterinária devido ao crescente número de infecções em ambiente hospitalar e comunidade, principalmente devido a resistência a antibióticos da classe dos beta-lactâmicos. O isolamento de MRS na rotina clínica veterinária dificulta o tratamento do paciente e alerta para a disseminação de microrganismos multirresistentes de grande importância para Saúde Única. Diante deste cenário, buscou-se avaliar a frequência de MRS por meio de dados coletados no livro de registros de culturas e antibiogramas do Centro de Diagnóstico Microbiológico Animal, da Universidade do Estado de Santa Catarina, durante os meses de janeiro de 2015 a dezembro de 2019, a partir de amostras de cães e gatos. Durante esse período, 36,69% (113/308) dos isolados de Staphylococcus se mostraram fenotipicamente positivo para detecção de MRS, das quais 85,84% (97/113) amostras foram isoladas de cães e 14,16% (16/113) de gatos. Dos 113 isolados, 69,02% (78) foram identificados como S. pseudintermedius, 11,5% (13) S. coagulase negativa, 9,73% (11) S. aureus, 3,53% (4)S. schleiferi, 3,53% (4)S. hyicus, 1,76% (2) S. intermedius e 0,88% (1) S. coagulans. O isolamento maior de Staphylococcus pseudintermedius meticilina resistente (MRSP) é devido a espécie ser a mais prevalente em pele e mucosas de cães, sendo um dos microrganismos oportunistas de cães e gatos de maior relevância, principalmente devido ao grande uso de antimicrobianos da classe dos beta-lactâmicos na medicina veterinária. A alta ocorrência (36,69%) de MRS em amostras de animais gera uma grande preocupação em saúde pública, uma vez que o gênero Staphylococcus é o principal microrganismo presente na pele e mucosa mamíferos, e o contato muito próximo desses animais com os humanos possibilita a transferência de genes de resistência e a colonização dos microrganismos, proporcionando uma maior susceptibilidade de contágio nos animais durante procedimentos cirúrgicos e internações, assim como por meio do contato de tutores e médicos veterinários com os animais acometidos. Em relação a localização das infecções relacionadas aos MRS, os principais foram: 30,1% (34/113) de animais com otite, 20,35% (23/113) de infecções do trato gênito-urinário, 19,47% (22/113) de pele e 6,19% (7/113) de infecções respiratórias. Dentre essas amostras, um animal com sepse apresentou isolamento de MRSP. A importância de estudos locais que mostram a presença de microrganismos multirresistentes, como os MRS, proporcionam estabelecer protocolos de terapias empíricas na medicina veterinária, além de evidenciar a importância da solicitação da cultura e antibiograma para auxiliar no diagnóstico das infecções bacterianas. Portanto, a alta ocorrência de MRS observada nesse estudo retrospectivo evidencia o uso exacerbado e muitas vezes inadequado de antimicrobianos, que abrem portas para o uso de outras classes que não deveriam ser utilizadas na medicina veterinária, mas que já são, como a linezolida e a vancomicina.
Palavras-chave: MRSP, beta-lactâmicos, multirresistência, antimicrobianos Palavras-chave: antimicrobianos, beta-lactâmicos, MRSP, multirresistência |